
Já falou assim ou ouviu alguém dizer isso?
Por que será que algumas pessoas sofrem mais que outras quando um relacionamento acaba?
Comumente nesses casos, que as pessoas referem que estão destruídas, com uma sensação de vazio inexplicável e aparecem no consultório bastante regredidas emocionalmente, como uma criança.
Eu costumo representar a sensação de vazio e abandono que podemos sentir quando há uma ruptura inesperada em relacionamentos amorosos: imagine uma criança brasileira, bem pequena, perdida num shopping de Dubai sem falar o idioma e nem saber ler avisos de localização.
Imaginou a sensação de estar perdido assim? Pois bem, esse é o sentimento de quem se sente abandonado por quem ama muito.
Eu já me referi a esse abandono emocional aqui no Blog, no artigo: “Como saber se sou dependente emocional na relação à dois?”, você pode complementar sua leitura lá depois.
Basicamente as pessoas que se sentem destruídas emocionalmente, demorando muito a se recompor após um fim de relacionamento inesperado, são as mesmas que quando estão no relacionamento desenvolvem uma relação simbiótica (como se fosse um só organismo fundido, esse termo emprestamos da biologia para designar co-dependência emocional entre duas pessoas).
É o famoso “um não vive sem o outro”, tão romanceado nos filmes chamados “água com açúcar” que são Top 10 em qualquer streaming.
E por que as pessoas gostam tanto de romances assim?
Porque nosso desejo fantasioso mais profundo bem infantil, guardado no nosso inconsciente, é encontrarmos alguém que nos ame e nos dedique 24 horas do dia como fazia a nossa mãe, ou como gostaríamos que ela tivesse feito.
Acontece, que alguns adultos imaturos emocionalmente, sem saber, começam um relacionamento, muitas vezes com alguém assim também, e se dedicam tanto ao ser amado, que sua vida passa a girar em torno da outra pessoa. Um se alimenta do outro, excluindo terceiros e ficando com seu universo de vida absolutamente empobrecido, do tipo: “só vou se ele (a) for”.
Aqui temos um exemplo clássico de co-dependência emocional onde um alimenta o outro e podem viver bem felizes, muito obrigado!
Mas o dependente emocional pode se relacionar por uma pessoa que não seja dependente emocional nesse nível e esta pessoa pode no início gostar dessa vida super dedicada, porém, mais cedo ou tarde se sentirá sufocado (a) e “cairá fora” deixando um rastro de destruição na pessoa que a tinha como centro único de sua vida.
A pessoa que tem sua vida emocional equilibrada e por isso não depende emocionalmente de ninguém não aguenta por muito tempo uma relação tão desgastante e empobrecida, porque não se relacionará com outras pessoas.

A pessoa dependente emocional utiliza toda a sua energia, que poderia ser investida em sua vida própria, para vigiar e monitorar o objeto de amor, porque tem um medo gigante de perder aquele que ama.
É bastante comum receber na clínica pessoas que foram abandonadas e se sentem devastadas emocionalmente num grau assustador.
Quando isso acontece, a minha experiência me aponta para investigarmos possíveis sensações de abandono que a pessoa teve ao longo de sua vida, porque a dor de hoje encontra eco numa dor passada e então dói muito mais.
Por isso, deixo aqui algumas dicas, sinais de alerta para você saber se você é uma pessoa dependente emocional, se acontecer de se identificar, procure ajuda de um profissional de saúde mental para resolver essas pendências emocionais e se relacionar com alguém de maneira inteira, independente, sem medo de perder a pessoa e sem sua vida ficar exclusivamente a serviço de não perder a pessoa amada.
Veja abaixo algumas frases ditas por pessoas com características de dependência emocional:
- Deixo tudo de lado para me dedicar à outra pessoa, não vejo graça em nada, apenas em estar com ela;
- Prefiro sempre programas à dois, assim não nos dividimos com ninguém;
- Temos os mesmos gostos, parece minha “alma gêmea”;
- Fico muito ansioso (a) quando estou sem a companhia da pessoa amada, controlo os horários dela (e) para imaginar o que está fazendo;
- Deixei de estar com os amigos e fazer coisas que gosto para estar com a pessoa que amo;
- Se a pessoa com quem estou não gosta de alguém do meu convívio eu me afasto, sem problema;
- A única opinião que importa para mim é da outra pessoa;
- Eu me sinto bem me dedicando à pessoa com a qual me relaciono e não me importo em ficar em segundo plano;
Essas frases, parecem inocentes, mas não são, para nós psicanalistas acende um alerta vermelho de perigo eminente.
Cuide de você hoje, porque será você que ficará se os outros forem embora”.
Luz Marina Toledo